sexta-feira, 26 de dezembro de 2014
Io ti amo cosi tanto
Eu realmente achei que estava "tudo bem" você ter ido para Londres. E durante todos estes meses eu acreditei nisto. Foi para isto que te criei, para que você criasse asas e fizesse teu vôo solo. E te ver voar me encheu de orgulho - e preocupação. Eu te ensinei tudo o que você precisava saber para viver sem mim.
Mas foi só quando você atravessou aquela porta e disse : - oi, mãe, que me dei conta de que não havia me ensinado nada do que eu precisava saber para viver sem vocês.
A tua presença tumultua. Você fala alto, ri alto, dorme tarde, fica andando pela casa. Você faz barulho para caminhar, fala tanto que as vezes não consigo ouvir meus próprios pensamentos. E quando se mete a falar de um assunto requer atenção integral e fica bravo quando tenho que dividir a atenção com teu irmão de apenas 4 anos.
Muitas vezes me peguei pensando que talvez eu te amaria mais se você fosse menos rumoroso, menos orgulhoso, menos respondão. Seria mais fácil te amar se você fosse mais bem educado, mais carinhoso, mais atencioso.
Mas a verdade é que "ti amo cosi tanto" sendo você já do jeito que é. E nenhuma mudança no teu caráter, no teu modo de andar, de falar, de agir e pensar seriam capaz de me fazer te amar mais ou menos.
Eu sofri a tua ausência mais do que queria - ou saberia - admitir, afinal sou uma mãe sábia - daquelas que criam os filhos para o mundo - e estava fazendo a coisa certa. Mas descobri que mora em mim também uma mãe leoa, daquelas que quer a cria por perto para proteger de tudo e de todos - até mesmo deles mesmos.
E descobri que toda mãe é assim, um pouco sabia, um pouco leoa. Mas estas duas partes de nós não se conversam muito, pois são contraditorias. Então uma delas toma à frente e cabe à outra abaixar a cabeça e sofrer calada.
Você escolheu tua vida, e tua passagem é a passeio. Não tem ideia do quanto sou feliz por você ter vindo, ainda mais de surpresa. Você não faz ideia do quanto estou feliz com o barulho na casa, com o caos, com os rumores.
Talvez agora seja mais fácil, porque agora eu sei que não preciso ser forte o tempo todo, não preciso ser sábia o tempo todo. Posso chorar, posso gritar, posso brigar e dizer que sinto tua falta quantas vezes meu coração quiser dizer. Da primeira vez eu não estava preparada. E embora eu nunca vá estar 100% pronta, sei que conseguirei aprender as lições direitinho.
Você é meu filho mais rumoroso, mais orgulhoso, mais dono de si. Você enche a casa - e a vida - de barulho e bagunça - no sentido literal da palavra. Você domina, invade, rouba espaço. Você não me abraça, não me beija, não fica deitado no meu colo o tempo todo. Mas é o meu filho. Aquele que eu amo exatamente por ser assim.
E, embora meu modo de te amar seja diverso, porque você não me deixa te amar de pertinho, a intensidade deste amor é exatamente a mesma dos outros dois, porque vocês são parte de mim. E o fato de você morar em outro país não faz eu te amar mais ou menos. Só faz eu te amar sempre do mesmo jeito.
Você hoje é aquele que não posso mais carregar no colo, mas que carrego todos os dias no coração. E eu vou morrer amando vocês "cosi tanto" que as vezes o coração chega a doer.
Beijos, Guilherme
Amo você
quarta-feira, 6 de agosto de 2014
Eles crescem
E o meu nao foi diferente. Me lembro do meu pai dizendo que queria que fossemos sempre pequenininhos, que nao precisassemos crescer. Eu achava ridiculo ele dizer aquilo.
Hoje entendo. Sinto uma dorzinha no peito por nao poder mais embala-los, pega-los no colo. Mas por outro lado, ve-los crescer, se tornaras pessoas que sao, ver as escolhas que fazem, me enche de orgulho de ter .
Hoje, meu filho, voce completa 16 anos. Foi voce quem realizou o meu grande sonho - o sonho de ser mae - e eu sou muito grata a voce.
Voce cresceu, se tornou um rapaz, as vezes moleque demais, as vezos cheio de responsabilidades.
Mas voce conquistou o meu coraçao no dia em que fiquei sabendo que voce existia dentro de mim. E todos os medos que eu tinha era o de nao ser uma boa mae de nao conseguir me sair bem nesta tarefa. Tarefa que erro tantas vezes,
Ele cresceu
E ele cresceu. Criou asas e voou.
Aquele serzinho pequenino que morou aqui dentro por 9 meses, que nasceu de mim, que dependia de mim para tudo, não depende mais. Está iniciando uma nova fase em sua vida. Uma fase de desafios e vitórias.
Com 18 anos, se mudou para Inglaterra, longe do abraço da mãe, mas não do coração.
Talvez este seja um dos últimos posts que escrevo aqui. Não por não querer, mas porque agora você cresceu. Agora será você a contar tuas histórias, tuas conquistas, e não cabe mais a mim esta tarefa.
Como mãe, tenho que ter consciência de que este é o teu momento - e não mais o meu. Um dia você lerá tudo o que escrevi aqui - ou talvez não. Não me importo. O que me importa é que eu te amei, te amo e sempre te amarei com todo o meu coração. Sempre te dei o melhor de mim, mesmo falhando tantas vezes.
Desde muito antes de você nascer, sempre desejei para meus filhos independência. Por isto que aos 4 anos de idade, achava o máximo quando você atravessava a casa para ir sozinho pegar banana na fruteira porque estava com fome. Não me pedia. Simplesmente ia.
Embora tenha doído a saudade, cantei vitória quando, aos 9 anos você foi para o acampamento de verão e ficou lá por 2 semanas, porque me ligou no final da primeira semana pedindo para extender o tempo de permanência. E se saiu muito bem. Fiquei igualmente feliz quando 2 anos depois tua irmã, aos 7 anos foi também. E fiquei orgulhosa em ver que vocês tinham se virado bem sem mim.
As vezes fui um pouco dura, quando pedia - ou mandava - vocês fazerem as tarefas de casa, como limpar, cozinhar, arrumar o quarto. Mas agora vejo que agi certo. Afinal, você, aí em Londres consegue se cuidar - e muito bem por sinal. Lava, passa, cozinha, limpa o quarto - talvez não com a mesma frequência que eu desejaria, mas já é um começo.
Sempre desejei que vocês tivessem vida própria, sonhos próprios, independentes dos meus. Sempre desejei que seguissem em busca do que é essencial para vocês. E sempre desejei muitas viagens. Muitas viagens mesmo. Muita cultura, muito conhecimento, muito convívio com pessoas de religões diferentes, de sexualidade diferente, de idioma diferente, de estilo diferente, de vida diferente.
Meu desejo sempre foi que, aos 15 anos, pudesse proporcionar a cada um de vocês, uma viagem ao exterior. Consegui, não, no sentido exato da coisa, mas consegui. E consegui dar para você uma vida plena, cheia de vida, de ideais, de sonhos, de independência.
Embora meu coração de mãe queira o filho sempre pertinho, minha cabeça de mãe está muito orgulhosa do homem que você se tornou.
Sei que você ainda vai dar muitas cabeçadas por aí. Nestas horas, não esqueça que te amo com todo o meu amor e que se - e quando - você precisar estarei sempre presente, sempre de braços abertos com um conselho amigo ou até mesmo um colo silencioso.
Que a tua nova jornada seja gloriosa!
Guilherme Kallan, Que você conquiste teus sonhos e siga em busca dos teus ideais. Tenho muito orgulho de você. Boa sorte e muito juízo. E te amo infinito e além.
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